RECEPÇÃO DOS QUATRO NOVOS ACADÊMICOS, EM 14 DEZ NA AMAN, NA COMEMORAÇÃO PELA ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL DO BICENTENÁRIO DA CRIAÇÃO DA ACADEMIA REAL MILITAR, RAIZ HISTÓRICA DA BICENTENÁRIA AMAN

22/02/2011

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Hoje, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, próximo de completar 15 anos de profícua existência em prol do desenvolvimento da História Militar das Forças Terrestres do Brasil, realiza esta histórica e singular cerimônia de posse de quatro acadêmicos, comemorativa para nossa AHIMTB, dos 200 anos da criação da Academia Real Militar, a raiz histórica da nossa bicentenária Academia Militar das Agulhas Negras. Efeméride aqui comemorada, simbolicamente, com o lançamento do livro desta presidência 2010 – 200 anos da criação da Academia Real Militar à Academia Militar das Agulhas Negras. E mais o lançamento do Guararapes alusivo à História de N.S. da Conceição, que foi a padroeira do Exército Imperial do Brasil e grande devoção do Duque de Caxias, que ao morrer a única decoração de seu quarto era a gravura de N.S. da Conceição, hoje no Museu da AMAN. Cerimônia assinalada com as seguintes posses de acadêmicos:
Gen Div Marco Antônio de Farias, primeiro colocado de sua turma de Infantaria, ex-comandante da AMAN e 3º Presidente de Honra da AHIMTB, e por ela condecorado com a Medalha de Mérito Histórico Militar Terrestre do Brasil no grau de Comendador e de quem a AHIMTB recebeu e continua recebendo notável estímulo a sua ação, por entender o ilustre novo acadêmico o alevantado objetivo profissional militar da Academia de História Militar Terrestre do Brasil ou seja explorar, com apoio em fundamentos de Arte e Ciência Militar, o rico passado militar de mais de cinco séculos, visando isolar subsídios de Arte e Ciência Militar brasileiras a contribuírem para a formulação de uma doutrina militar terrestre brasileira genuína como a sonhou em 1861 o Duque de Caxias, patrono da AHIMTB, como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.
O novo acadêmico passa a ser o titular da emblemática figura de soldado e historiador militar crítico o Gen Div Augusto Tarso Fragoso, a quem se deve a criação do Estado-Maior do Exército, em 1898, depois de estagiar na Europa a procura de solução para as seqüelas de ferimento à bala, recebido no combate da Armação no combate a Revolta da Armada em 1893/95.
O projétil que o feriu, e a farda que vestia na ocasião, ele a destinou ao Museu da AMAN, onde não o localizamos.
É dele o ato de contrição feito no seu livro A Batalha do Passo do Rosário, em 1922, de condenação ao espírito do ensino bacharelesco que vigorou na Escola Militar, de 1874-1905, divorciado do profissionalismo militar, quando alunos da Escola Militar de seu tempo, sob influência de professores divorciados do profissionalismo militar e seduzidos pelo Positivismo, a Religião da Humanidade, por eles mal interpretada, riam e ridicularizavam os veteranos da Guerra do Paraguai, desfilando com os seus peitos cobertos de medalhas, julgando aquilo uma cena ridícula.
O acadêmico a seguir é o General Edson Leal Pujol, tríplice coroado, primeiro colocado de sua Turma de Cavalaria de 1977, 3º Presidente de Honra da AHIMTB e que hoje será condecorado como Comendador do Mérito Histórico Militar Terrestre do Brasil, em reconhecimento ao excepcional apoio que dele tem recebido a nossa AHIMTB e que desde o momento de sua posse como 3º Presidente de Honra entendeu o compromisso perseguido pela AHIMTB, de colaborar para a nacionalização progressiva da doutrina militar terrestre brasileira com apoio na pesquisa de história militar crítica de subsídios em nosso rico patrimônio militar, sem deixar de lado incorporações doutrinárias compatíveis de doutrinas militares estrangeiras com nossas realidades operacionais e características do soldado brasileiro, como procedia o Duque de Caxias em sua característica de “homem amigo de escrever cartas“, segundo um de seus biógrafos, mantendo contato com diplomatas brasileiros no exterior. Assinala esta característica a importação de balões cativos usados pelo Exército do Norte dos EUA para compensar a falta de dominância de vistas sobre o desconhecido território inimigo no Paraguai.
O novo acadêmico General Pujol passa a ser o titular no ano do Bicentenário da AMAN, e como parte destas comemorações, da cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, o idealizador da nossa Academia Militar das Agulhas Negras e que marca em sua bela História, duas fases. A fase antes do Marechal José Pessôa e a fase AMAN, depois de Marechal José Pessôa.
Personagem que imprimiu ao Exército, através dos uniformes históricos dos cadetes um elo entre o Exército Brasileiro Imperial e o Exército Republicano. Ou Exército Brasileiro de sempre, inspirado em figuras excepcionais dos dois períodos.
O novo acadêmico Cel Eng QEMA Cel Carlos Roberto Peres vem demonstrando, como historiador militar, crescente desenvolvimento assinalado por sua notável contribuição na obra institucional comemorativa do centenário da ECEME intitulado ECEME – Escola do Método – um século pensando no Exército. E agora ultima a obra institucional comemorativa do Bicentenário da AMAN, a ser lançado em 2011 – ano do início do funcionamento da Academia Real Militar.
O novo acadêmico Cel Carlos Roberto Peres será o titular da cadeira General Umberto Peregrino Seabra Fagundes, uma assinalada vocação para a literatura militar histórica iniciada ainda como tenente. Foi historiador que muito escreveu sobre nossa Escola Militar e como notável Diretor de Biblioteca Editora do Exército, criou uma geração de escritores militares e estimulou trabalhos de resgate da História da FEB. Ele criou uma geração de escritores militares, atribuindo a cada um a missão de escrever sobre um assunto, não esperando que os vocacionados submetessem seus trabalhos ao Conselho Editorial da BIBLIEX sujeitos aos azares de uma recusa desestimulante como aconteceu com muitos.
O seu processo, se readotado, poderia reforçar a enfraquecida corrente do pensamento militar terrestre brasileiro. Fica a sugestão para o fortalecimento desta corrente. Ou seja, o processo Umberto Peregrino. Qual o tema a ser escrito! E escolher e apoiar quem poderá executá-lo!
O quarto acadêmico a ser hoje empossado é o Cel Cav R/1 Ernildo Heitor Agostini Filho, que conheci menino no 1º Batalhão Ferroviário, filho do velho companheiro Capitão Agostini, seu homônimo. O Cel Agostini tem revelado um grande pendor, interesse e êxito como pesquisador de História Militar Terrestre do Brasil. E, no momento, trabalha febrilmente na elaboração da História Militar institucional da Academia Real Militar à AMAN, a ser lançada em 2011, ano do bicentenário de início do funcionamento da Academia Real Militar, na Casa do Trem.
O novo acadêmico será o titular da cadeira nº. 46, General Moacyr Lopes de Resende, que considero o 1º historiador de nossa AMAN com vistas comemorações do Sesquicentenário da AMAN, em 1961. Obra que me serviu de base para a produção dos diversos trabalhos de minha iniciativa sobre História da AMAN, iniciados em 1978.
Ao General Resende, atribuo a autoria de trabalho balizador dos principais eventos ocorridos na História da AMAN e do qual adicionei exemplar nas fontes de História da AMAN, que coleciono desde 1978, quando iniciei a minha atividade de instrutor de História Militar da AMAN, já historiador consagrado e premiado e membro de instituições históricas como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e adjunto da Presidência de Comissão de História do Exército do EME, presidido pelo saudoso mestre Cel Francisco Ruas Santos, Veterano da Defesa Territorial e da FEB, e autor de excelente Teoria de História Operacional e Institucional do Exército Brasileiro, trabalho que poucos exércitos do mundo dispõem.
É com grande satisfação castrense que acabo de receber em nome da Academia de História Militar Terrestre e como seu Presidente e fundador os ilustres acadêmicos na esperança que continuem a lutar pelo desenvolvimento da História Militar Terrestre Crítica do Brasil como atividade militar profissional com vistas a retirar de nosso rico passado militar subsídios de arte e ciência militar terrestres brasileiras para o progressiva nacionalização da Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína como a sonharam, além de Caxias, os Marechais Floriano Peixoto e Humberto de Alencar Castello Branco, e diversos outros pensadores militares entre os quais destaco e reverencio o nosso Acadêmico Emérito Cel Amerino Raposo Filho, com o qual muito aprendi com sua preciosa obra A Manobra na Guerra.
A seguir os novos acadêmicos procederão o elogio a seus patronos de cadeiras e acadêmicos eméritos que sucedem

Oração de posse do Acadêmico Gen Div Marco Antônio de Farias

Senhor Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, Coronel Cláudio Moreira Bento,
Exmo Sr Gen Edson Leal Pujol, comandante da AMAN
Senhores acadêmicos, companheiros, amigos e convidados,
Meus senhores,
Minhas senhoras,
Queridos familiares!
Feliz a providência divina que me trouxe de retorno a esta Academia Militar, casa de cultura e de formação de homens de bem, santuário onde vivi momentos inesquecíveis da minha existência. Feliz a providência divina que me permitiu tomar posse na cadeira nº. 5, no mesmo cenário em que o meu antecessor, o Gen Tácito, a ocupou. Feliz a providência divina que me permitiu tão grande honraria no exato período em que se comemoram os 200 anos do nascimento do Brigadeiro Antônio de Sampaio, patrono da Infantaria brasileira, e que teve no Gen Tácito, infante como eu, o iniciador do movimento que trasladou os restos mortais de Sampaio para Fortaleza, onde, agora, descansa num panteão digno de herói nacional. Essas são as coisas de Deus, perceptíveis para os crédulos, coincidências para os indiferentes, mas que dão sentido e a exata dimensão da grandeza do servir e do viver.
Inicio meu discurso, neste Ato de Posse, agradecendo aos membros da Academia de História Militar Terrestre do Brasil por minha indicação e àqueles que me honraram com seu voto, possibilitando que eu acendesse a esta Casa para nela ocupar a Cadeira de número 5. Incluo neste agradecimento aqueles que contribuíram para chancelar os procedimentos regimentais das sucessões acadêmicas.
Agradeço, também, de forma especial, a presença marcante do Cel Cláudio Moreira Bento, criador e atual presidente da AHMTB, neste evento. O Cel Moreira Bento, a quem sempre tratei pelo epíteto de “Mestre”, pelo respeito e admiração, simboliza o labor e o amor pela nobre causa da defesa da verdade na evolução do passado militar do Brasil.
A Cadeira nº 5 figura entre as 50 cadeiras, excetuando-se as especiais, em número indeterminado, que compõem o quadro desta respeitável Academia, criada em 1996 com o intuito de preservar, cultuar, divulgar e pesquisar a História Militar do nosso país em seu espectro da Força Terrestre.
O Patrono da Cadeira que ora passo a ocupar é o Gen Augusto Tasso Fragoso. Este insigne Patrono nasceu no dia 28 de agosto de 1869, em São Luís, a capital maranhense. Além de destacado militar, foi escritor, tendo como obras notáveis os livros “A Revolução Farroupilha”, “A História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai” e “Os Franceses no Rio de Janeiro”.
Ainda jovem, no Rio de Janeiro, Tasso Fragoso entrou em contato com as idéias positivistas amplamente disseminadas por Benjamin Constant e, em 1889, tomou parte na operação militar que instaurou o regime republicano no Brasil. Ainda que contra sua vontade, foi eleito deputado à Assembléia Nacional Constituinte, em 1890, pelo Maranhão. Não aceitou o cargo, por entender “que o militar não deve ser político”.
Convidado pelo Presidente Floriano Peixoto, em 1891, para assumir a Prefeitura do Distrito Federal, coerente com o seu pensamento, declinou o convite, tendo, entretanto, aceitado a chefia do Departamento de Obras e Viação Geral daquela prefeitura, cargo no qual permaneceu em exercício até abril de 1892.
No ano seguinte, participou da repressão à Revolta da Armada que pretendia derrubar o governo de Floriano Peixoto. Em 1908, viajou à Europa como membro do Estado-Maior do Ministro da Guerra Hermes da Fonseca. Quatro anos depois, em 1914, foi nomeado Chefe da Casa Militar pelo presidente Venceslau Brás, função exercida até 1917. Nesse ínterim, desempenhou importante papel na implantação do serviço militar obrigatório e na reestruturação do Exército.
Alcançou o generalato em 1918. Foi designado, em 1922, para participar dos inquéritos instaurados pelo governo para apurar responsabilidades sobre o levante do Forte de Copacabana, que deu início aos movimentos tenentistas e que deixaram marcas indeléveis naquela década. Em novembro daquele mesmo ano, assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército, onde se destacou no processo de transformação do Exército, executado sob orientação da Missão Militar Francesa. Exonerou-se da chefia do EME, em 1929, por discordar do descaso com o Órgão nas decisões relativas à remodelação do ensino militar no país.
Exclusivamente dedicado à sua carreira profissional e distante de questões políticas, Tasso Fragoso recusou-se a participar da Revolução de 1930. O cenário de então, favorável aos revolucionários, acabou, entretanto, por levá-lo aceitar a sugestão do General Mena Barreto do seu nome para comandar a operação militar destinada a afastar o Presidente Washington Luís. Ao lado do próprio General Mena Barreto e juntamente com o Contra-Almirante Isaías de Noronha, participou da junta governativa que substituiu o presidente deposto e posteriormente transferiu o poder a Getúlio Vargas, comandante das forças revolucionárias.
Em março de 1931, o General Tasso Fragoso reassumiu o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército. Nesta função, participou, dois anos depois, do combate à Revolução Constitucionalista de 1932. Entretanto, por considerar-se alijado das decisões mais importantes dessa campanha, voltou a solicitar sua exoneração da chefia daquele órgão. Em abril de 1933, nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), exerceu a função até 1938, quando se aposentou compulsoriamente por limite de idade.
Uma coincidência feliz fez com que eu fosse indicado para ocupar a cadeira cujo Patrono é o General Tasso Fragoso. Longe de mim buscar igualar-me a tão ilustre figura da História Militar Brasileira. Refiro-me ao fato de eu estar ocupando o cargo de 1º Subchefe do Estado-Maior do Exército, na oportunidade em que a Força Terrestre se encontra, como aconteceu naquele momento da vida do insigne general, em um processo de transformação. Que seja esta similitude um venturoso augúrio de minha passagem por esta casa.
De igual forma, sinto-me bafejado pela boa sorte e, mesmo, ungido pelo desígnio celeste, ao alcançar a Cadeira inaugurada e outrora ocupada pelo General-de-Exército Tácito Theóphilo Gaspar de Oliveira.
O General Tácito encontrou seus primeiros contatos militares no Colégio Militar do Ceará. Tendo concluído sua educação básica, seguiu para a Escola Militar, no Realengo, onde foi declarado aspirante-a-oficial, em 1934. Protagonizou uma carreira militar destacada, servindo como oficial subalterno e intermediário em organizações militares do Nordeste. Dali, atendendo ao chamamento da pátria, seguiu para cumprir seu dever na campanha da Força Expedicionária Brasileira, na Itália. O desempenho, a competência e a habilidade no Comando da Companhia do Quartel da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE), renderam-lhe merecidos elogios do Gen Mascarenhas de Moraes e do próprio Gen Mark Clark. Após o seu retorno, aprovado em difíceis exames, cursou a Escola de Comando e Estado-Maior, ainda como capitão. Concluídos seus estudos, foi designado para servir no Estado-Maior do Exército, como adjunto da 3ª Seção.
Promovido a major, por merecimento, em 1951, ingressou no círculo dos oficiais superiores, permanecendo, porém, na mesma função. Ainda major, cursou a Escola de Guerra Naval, instituição na qual veio a ser assessor, representante da Força Terrestre. Sua promoção a tenente-coronel, igualmente por merecimento, se deu em 1955. A mais destacada ação nesse posto, entre tantas, foi sua aprovação em concurso e participação como Instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos Estados Unidos da América. Ali, ficou encarregado da edição brasileira da “Military Review”. No retorno, em 1961, foi promovido ao posto de coronel, por merecimento, destacando-se como Chefe do Gabinete do Gen Castello Branco e, posteriormente, projetando-se como Diretor-Geral de Ensino do Exército. Ao iniciar-se a Revolução Democrática de 31 de março de 1964, estava no comando do 23º BC. Como comandante da Unidade, assegurou aos presos políticos, recolhidos ao seu quartel, um tratamento urbano e humanitário, evitando qualquer tipo de represália contra os mesmos. Ainda no posto de coronel, participou da Força Interamericana de Paz, que atuou na República Dominicana.
O então coronel Tácito alcançou o generalato em 1966, aos 52 anos. Como general-de-brigada, foi nomeado Superintendente de Desenvolvimento do Nordeste (na SUDENE), o que lhe favoreceu profundos agradecimentos da população nordestina pelos trabalhos ali realizados. Foi promovido a general-de-divisão, em 1972 e a general-de-exército, em 1976.
Em 1977, encerrando sua carreira do mesmo modo brilhante como a iniciou, o Gen Tácito foi nomeado Ministro Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), de onde saiu para a reserva, em 78, após 53 anos de relevantes serviços prestados ao País, ao Exército e à sociedade.
Emérito estudioso e intelectual dedicado às letras, o Gen Tácito colaborou na revista "Defesa Nacional" e "Revista Militar Brasileira"; colaborou na edição dos volumes da "História do Exército Brasileiro" e publicou estudos sobre Caxias, Sampaio, Tibúrcio e o Conde D’Eu, bem como estudos sobre a Independência, a Guerra da Independência no Piauí e Maranhão, a Colonização do Ceará, a II Guerra Mundial e a Campanha da FEB.
Entre as inúmeras condecorações que recebeu, vale destacar: Grã-Cruz da Ordem do Mérito das Forças Armadas; Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco; Grã-Cruz da Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho; Medalha de Campanha da Força Expedicionária Brasileira; Medalha de Guerra; Bronze Star Medal (Estados Unidos); Medalla Abdon Calderon (Equador); Gran Estrella al Mérito Militar (Chile); Medalha ao Mérito, da FIP (Organização dos Estados Americanos). Um grande militar, uma grande trajetória!
Gen Tasso Fragoso e Gen Tácito: estes são os personagens da História a quem eu passo a reverenciar, de forma particular. São e serão, doravante, incentivo e memória, farol e guia para a minha conduta acadêmica. O gosto pela história militar terrestre brasileira, assim como as minhas experiências de Comandante da AMAN e de Diretor de Ensino Preparatório e Assistencial hão de me permitir representar honrosamente as ilustres figuras que me antecederam. Buscarei nutrir-me do passado, sem contudo deixar de avançar em direção ao porvir.
Concluindo minhas palavras, sinto-me instado a agradecer à minha família pelo integral apoio à minha carreira, pela presença constante e leal ao meu lado e por, jamais, deixar de acreditar em mim. Agradeço, também, aos meus amigos e a todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que eu pudesse estar aqui, hoje, assumindo a Cadeira de número 5, a do Gen Tasso Fragoso, nesta Academia de tão profundo e importante significado para a preservação da história do nosso País.
Como despedida, incito todos à reflexão do pensamento do filósofo grego Políbio, que já no século II a.C. afirmou: “Um homem, quando assume atitude de historiador, tem que esquecer todas as considerações, como o amor aos amigos e o ódio aos inimigos, pois assim como os seres vivos se tornam inúteis quando privados de olhos, também a história da qual foi retirada a verdade nada mais é do que um conto sem proveito”. Assim, em que pese a alusão desditosa em relação à aptidão dos cegos, reitero o meu compromisso de cultuar, pesquisar e divulgar a História Militar Terrestre do Brasil com a verdade de Políbio, verdade que a História do país merece.
Muito obrigado a todos!


Oração de posse do Acadêmico Gen Bda Edson Leal Pujol

Exmo Sr Gen Div Marco Antônio de Farias, 1º Subchefe do EME, ilustríssimo Sr Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB, Ilmo Sr Acadêmicos da AHIMTB aqui presentes, Sr oficiais, cadetes, senhores e senhoras.
É para mim uma grande honra ter sido empossado no ano passado como 3º Presidente de Honra da AHIMTB e, mais ainda agora, convidado para suceder na Cadeira de nº 22 Acadêmicos Eméritos do porte do Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente e fundador da AHIMTB,r do Gen Ex Gilberto Barbosa de Figueiredo, ex-Presidente do Clube Militar e meu antigo Chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa/DEP, hoje DECEx, no período em que comandei a Escola de Administração do Exército e o Colégio Militar de Salvador, bem como o seu antecessor, o Gen Ex Gleuber Vieira, antigo Ministro e Comandante do Exército, e que foi meu Cmt da EsAO, quando lá servi como Instrutor do Curso de Cavalaria. Todos elevados por seus méritos a Acadêmicos Eméritos da AHIMTB e comigo partilhando da Cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque.
Mas, nesta cerimônia de posse, cumpre-me a honra de destacar e homenagear a histórica figura do Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, Patrono da Cadeira 22 da AHIMTB.
O Marechal José Pessôa nasceu em Cabaceiras, na Paraíba, em 12 de setembro de 1885. É um dos nove filhos de Cândido Clementino e Maria Pessôa Cavalcanti de Albuquerque.
Embora pouco se saiba sobre sua infância, pode-se destacar que realizou os primeiros estudos na capital do estado, quando ainda se chamava “Parahyba”, hoje, João Pessôa, em homenagem ao seu irmão assassinado pouco antes da Revolução de 1930. Seu curso secundário foi efetuado no Colégio Nacional, depois denominado Dom Pedro II, como aluno interno.
Cedo, porém, o jovem José demonstrava sua vocação militar. Resolveu prestar concurso para a Escola Preparatória e de Prática do Realengo, quando já cursava o Liceu da Paraíba, em 1902. Aprovado, partiu para a Capital Federal, o Rio de Janeiro e em dezoito de março de 1903, foi matriculado na escola, iniciando a sua trajetória na profissão militar.
Com o fechamento da Escola Militar do Brasil, na Praia Vermelha, os cursos foram transferidos para a Escola de Guerra, em Porto Alegre, no prédio que atualmente abriga o Colégio Militar de Porto Alegre, onde foi declarado Aspirante de Infantaria e de Cavalaria em janeiro de 1909. No mesmo ano cursou a Escola de Artilharia e Engenharia do Realengo.
Sua primeira Unidade foi o 13º Regimento de Cavalaria, no Rio de Janeiro, sendo depois transferido para a 4ª Companhia de Caçadores, na Paraíba do Norte e, a seguir para o 50º Batalhão de Caçadores, em Salvador.
Na capital baiana foi nomeado instrutor militar da Faculdade de Medicina da Bahia.
Posteriormente, cursou a Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, formando-se engenheiro topógrafo.
Em 1913, foi transferido definitivamente para a arma de Cavalaria.
Em 1916, no quartel-general de São Paulo, além de exercer suas funções, foi instrutor militar da Faculdade de Direito, exercitando seu sentimento cívico e formando uma juventude identificada com os valores da Pátria, contagiada pela influência dos ideais de Olavo Bilac.
Em 1918, como primeiro-tenente realizou estágio na escola de formação de oficiais franceses, a atual Escola Especial Militar de Saint-Cyr. Após o estágio, combateu nos campos de batalha da Europa junto com os franceses, na 1ª Guerra Mundial, permanecendo adido ao 4º Regimento de Dragões do exército francês. Recebeu inúmeros elogios e foi promovido ao posto de capitão por atos de bravura. Comandou o 1º Pelotão do 1º Esquadrão de Carros de Assalto. Quase ao final daquele conflito bélico, José Pessôa foi acometido de tifo. Evacuado da frente de combate para um hospital francês conheceu a enfermeira inglesa Blanche, alistada como voluntária na Cruz Vermelha da França. O casamento ocorreu em 1918.
No pós-guerra, realizou o curso da Escola de Carros e o curso prático de Artilharia de Assalto, ambos em Versailles, na França, onde absorveu as inovações doutrinárias dos carros de assalto e escreveu o livro “O tanque na guerra européia”.
Em 1921, ao voltar ao Brasil, assumiu o Comando da Companhia de Carros de Assalto, no Rio de Janeiro, nas atuais instalações do 57º Batalhão de Infantaria (Escola). O carro utilizado era o francês Renault FT-17, que não era o de sua preferência, pois preferia os ingleses Whippet. Porém ele afirmava: “O Renault FT-17 é o suficiente para preparar o nosso pessoal na prática dessa nova arma de guerra”.
Entre os anos de 1923 e 1924, tem sua primeira passagem pela Escola Militar, no Realengo, desempenhando as funções de Fiscal Administrativo.
A seguir, no desempenho das funções de Comandante do 1º Regimento de Cavalaria Divisionário, no Rio de Janeiro, fez renascer a mística dos uniformes históricos, concebidos por Gustavo Barroso.
Em 1930, assumiu o Comando do Corpo de Bombeiros da Capital Federal, tendo uma ativa participação na Revolução de 30. Naquele episódio, no comando do 3º Regimento de Infantaria, sediado no antigo prédio da Escola Militar, na Praia Vermelha, reviveu sua atuação nas instruções da Faculdade de Direito de São Paulo, recompletando a unidade com civis voluntários, em substituição aos que não haviam aderido ao movimento. Cumpriu a missão de cercar e ocupar o palácio Guanabara, sede do Governo, para dar segurança aos generais que levariam uma intimação ao presidente Washington Luís, e os revolucionários conseguiram derrubar o governo.
No mesmo ano, por haver conquistado a confiança do Ministro da Guerra, General Leite de Castro, é nomeado Comandante da Escola Militar, no Realengo. Não aceitou o cargo de imediato, condicionou-o a não sofrer interferências estranhas ao seu comando e a construção de uma Academia Militar longe da capital federal. Para o então presidente, Getúlio Dornelles Vargas, o nome era perfeito, pois, além de ser um militar com excelentes dotes profissionais, era irmão de João Pessôa, um símbolo da Revolução, seu ex-candidato a vice-presidente. Sua atuação na Escola Militar deu um novo rumo à formação do oficial do exército.
Estas modificações puderam ser sentidas a partir da sua ordem do dia de quinze de janeiro de 1931:
“...a Revolução não terminou......engrandecer a Nação é o único e verdadeiro fim. O Exército, instituição democrática, mais rapidamente se deve recompor. Urge remodelá-lo, aparelhá-lo e, sobretudo, retomar em mão os seus quadros. O Comando da Escola Militar é a missão mais honrosa de toda a minha vida. Saint-Cyr, West Point e Sandhurst serão os moldes de onde sairão as linhas gerais do processo de formação militar. Da formação do oficial militar devem constar: educação física, cultura geral científica e preparação profissional rigorosa. Entretanto, sem que tomemos o empreendimento como um ideal, na mais ampla acepção do termo, nada se fará. O plano de remodelação ficará inerte se não lhe insuflarmos a vida de nosso entusiasmo, de nossa fé, dos nossos sacrifícios, pequenos e grandes, como um verdadeiro ideal. Cadetes! A partir de hoje, vivamos a mentalidade da nova Escola Militar, da Escola Militar que vamos construir”.
De imediato os cadetes tiveram a certeza de que estavam diante de um militar de características especiais. O General Tasso Villar de Aquino, assim se referiu ao seu ex-Cmt: “José Pessôa é homem de elegância extraordinária, em tudo. No trajar, nos gestos, na fala, ele é um homem que não se descuida nunca. Você nunca o apanha em momento de relaxamento. Sempre composto. Dignidade extraordinária. É atitude consciente e ele quer passar essa imagem para o cadete. O cadete deveria ter uma atitude especial, ele não era um estudante comum”.
Para aperfeiçoar a formação dos oficiais, o Coronel José Pessôa escolheu o Marechal Duque de Caxias como vulto histórico para transmitir aos cadetes virtudes militares e criar a mística do “Cadete de Caxias”.
Com essa visão, o novo comandante adotou uma série de medidas: o retorno da graduação de cadete, extinta por influência republicana no governo do Prudente de Moraes; a reformulação dos uniformes; a criação do brasão do cadete e do Corpo de Cadetes; a reformulação dos regulamentos e a adoção do espadim, réplica da espada invicta do Duque de Caxias, símbolo da própria honra militar.
Após o comando da Escola Militar foi designado para comandar o 1º Distrito de Artilharia de Costa, tendo participação direta na formação dos primeiros engenheiros que formariam as bases para a criação da nossa futura indústria militar bélica.
Entre 1938 e 1946 exerceu as funções de Inspetor de Cavalaria, realizando um trabalho altamente benéfico tanto para arma quanto para o Exército.
Em 1943, o penúltimo ano da Escola Militar, no Realengo, foi homenageado pelo seu então comandante, o coronel Mário Travassos. Quando se dirigiu aos cadetes da Escola assim se pronunciou: “Nesta Escola está o cofre onde deposito as minhas melhores esperanças e a minha certeza em um futuro cada vez maior para o meu Exército e para o meu País”.
Em 1938, uma comissão militar confirmou Resende como sede da nova Escola Militar. No dia 29 de junho de 1938, o presidente Getúlio Vargas assinou a ata de início da construção da Escola Militar de Rezende, com a presença do General José Pessôa e do industrial Henrique Lage, o cadete número um. O presidente, com uma pá de prata, colocou cimento na borda de uma urna com jornais e revistas da época, simbolizando a pedra fundamental.
Em 12 de setembro de 1949, após quase meio século dedicado ao Exército Brasileiro, deixou o serviço ativo. O comandante da Escola Militar de Rezende, General Cyro do Espírito Santo Cardoso, prestou uma significativa e marcante homenagem ao General José Pessôa. Passou-lhe o comando simbólico da Escola em um dia de festa, o qual se emocionou ao proferir as seguintes palavras:
“Eu creio na vossa inteligência e na cultura que estais adquirindo nesta Academia; creio na vossa dedicação, na vossa fé nos destinos do Brasil; creio no vosso patriotismo, que há de renovar o Exército e levá-lo à posição de mantenedor da paz no nosso continente; creio na rija têmpera da vossa juventude, que tudo há de levar por diante num clima de honestidade, de pureza de caráter, de trabalho fecundo e de coragem cívica; creio na vitória de vossas armas e de vossos ideais; creio no vosso destino glorioso; creio no nosso Exército; creio na grandeza e na pujança da nossa Pátria”.
Um de seus maiores desejos foi realizado, quando em vinte e três de abril de 1951 a Escola Militar de Rezende passou a denominar-se Academia Militar das Agulhas Negras.
Como sua última missão exerceu a presidência da Comissão de Planejamento e Localização da Nova Capital Federal do país. Realizou, em companhia do Arquiteto Pena Firme, o mesmo que o ajudou na idealização da AMAN, todo o planejamento da criação de Brasília, que seria denominada Vera Cruz e teria uma conformação semelhante à atual, incluindo o Lago Paranoá e que posteriormente serviu de base para os trabalhos de Oscar Niemayer e de Lúcio Costa.
O Marechal José Pessôa foi um militar extraordinário, de grande capacidade profissional e invulgar cultura geral, tendo exercido inúmeras comissões no exterior e no Brasil e atingido o mais alto posto do nosso Exército.
A mais significativa de suas realizações é sem sombra de dúvidas a idealização da Academia Militar das Agulhas Negras.
Para mim, portanto, é com invulgar emoção e júbilo, que hoje exercendo o Comando da Academia Militar das Agulhas Negras, que é a concretização do sonho do Mal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, tenho a grande honra de tomar posse na Cadeira nº 22 da AHIMTB, da qual é o insigne Patrono.

Oração de posse do Acadêmico Cel Carlos Roberto Peres

Ilustríssimo Sr Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB, Exmo Sr General Marco Antônio de Farias 1º Subchefe do EME, Exmo Sr Gen Edson Leal Pujol, comandante da AMAN, Ilmo Sr acadêmicos da AHIMTB, Sr Oficiais, Cadetes, a razão de ser da Academia Militar das Agulhas Negras, muito me alegra tê-los aqui neste momento, senhores e senhoras, dentre as quais destaco minha querida esposa Marli, companheira de 43 anos de lutas e que sempre me apoiou, seja nas atividades militares, seja nas civis.
É para mim uma grande honra ter sido proposto para substituir o Coronel Paulo Dartagnan Marques Amorim, antigo Diretor do Arquivo Histórico do Exército, por duas vezes, nos períodos de 29 de janeiro de 1993 a 29 de janeiro de 1996 e de 17 de dezembro de 1998 a 30 de junho de 2004, um dos grandes pesquisadores da história do nosso Exército e que foi recentemente promovido a acadêmico emérito da AHIMTB.
O Coronel Dartagnan nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de outubro de 1941 e assentou praça na Academia Militar das Agulhas Negras em 1962, sendo declarado Aspirante-a-oficial da Arma de Cavalaria em 1965.
Foi promovido a 2º tenente em 1965, a 1º tenente em 1967 e a capitão em 1970. Suas promoções a major em 1979, a tenente-coronel em 1984 e a coronel em 1989, ocorreram pelo critério do merecimento.
Serviu em Organizações Militares localizadas em quase todas as regiões do território nacional, tendo em sua passagem pela Amazônia sido distinguido com a Medalha do Serviço Amazônico.
Realizou os cursos de Comando e Estado-Maior da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e de Política e Estratégia Militar da Escola Superior de Guerra.
Foi distinguido com as medalhas da Ordem do Mérito Militar, no grau Comendador e do Pacificador, dentre outras condecorações.
Nesta cerimônia de posse, cabe-me o privilégio de poder destacar a figura do General Umberto Peregrino Seabra Fagundes, patrono da cadeira 47 da AHIMTB.
Este ilustre militar nasceu no dia 3 de novembro de 1911, na cidade de Natal, RN. Fez o Curso Primário no Colégio Diocesano Santo Antônio, o Secundário no Ateneu Norte-Rio Grandense e o superior na Escola Militar, localizada em Realengo, no Rio de Janeiro. Exerceu diversas funções na carreira militar, tendo sido Professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, Ajudante de Ordens dos Marechais Dutra e José Pessoa, Diretor do SAPS e Diretor da Biblioteca do Exército. Teve destacada atuação em todas as organizações militares onde serviu, sendo distinguido com diversas condecorações. Exerceu ainda inúmeras atividades no meio civil, tendo sido Diretor do Instituto Nacional do Livro, onde recebeu o Prêmio Paula Brito, em 1959. Tornou-se escritor e publicou diversos livros entre os quais se destaca a obra “Literatura de Cordel em discussão”, editada em 1984, além de ensaios e artigos em revistas e jornais.
Foi o fundador da casa de cultura São Saruê, especializada em Literatura de Cordel, tendo posteriormente, doado todo o acervo Cultural dessa casa de cultura para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, deixando seu nome na história e no coração dos apreciadores da Literatura de Cordel.
Dedicou-se intensamente, desde tenente à produção cultural literária militar no nosso Exército.
Entre as muitas e variadas projeções de sua vida cultural, brilhante e intensa, destaco a singular e marcante atuação, quando diretor da Biblioteca do Exército entre 1954 e 1960, quando atuou inclusive como historiador produzindo a obra intitulada, A Biblioteca do Exército - um capítulo da História Cultural do Brasil, editada pelo SENAI e lançada no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em sua gestão na Biblioteca do Exército, Humberto Peregrino foi fiel ao espírito com que ela fora criada. Publicar obras de preferência de oficiais do Exército e manter, no Rio, uma Biblioteca de apoio aos militares do Exército.
Ele, por meio das inúmeras facilidades que criou, estimulou o surgimento de uma geração de escritores militares, encomendando-lhes obras importantes para constituição do acervo da Biblioteca e os apoiando com copy desk, revisão e indicações de conteúdo. Procurou sempre atingir o público militar jovem, cadetes, aspirantes, tenentes e capitães, com a finalidade de complementar as suas formações profissionais.
Com o objetivo de despertar e apoiar novas vocações de escritores militares, para alimentar a corrente do pensamento militar brasileiro, Umberto Peregrino criou os prêmios Tasso Fragoso, Pandiá Calógeras e Franklin Dória.
Com o retorno da Força Expedicionária Brasileira, vitoriosa da Itália, preocupou-se em preservar a sua memória, editando diversos livros a ela relacionados, trabalho que foi reconhecido pelo Marechal Mascarenhas de Morais comandante da FEB.
Teve destacada atuação também, na divulgação da História Militar Terrestre do Brasil por meio de suas obras sobre Euclides da Cunha e Canudos, das biografias dos Marechais Hermes da Fonseca e Floriano Peixoto e na Comissão de Exumação dos restos mortais do Duque de Caxias.
Ao tratar da vida e obra desses grandes líderes do Exército adquiriu valiosa noção do que se passava nas altas esferas do Exército.
A mais significativa de suas realizações é sem sombra de dúvidas a sua atuação com diretor da Biblioteca do Exército.
Tenho imenso orgulho de poder ocupar a cadeira 47 da AHIMTB que tem como patrono esta exponencial figura da cultura do Exército e da literatura de cordel do Brasil que foi o General Umberto Peregrino.
Muito obrigado a todos.



Oração de posse do Acadêmico Cel Cav R/1 Ernildo Heitor Agostini Filho
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Exmo Sr Gen Marco Antônio de Farias, 1º Subchefe do Estado-Maior do Exército;
Exmo Sr Gen Edson Leal Pujol, Cmt da AMAN;
Ilustríssimo Senhor Coronel Cláudio Moreira Bento, Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil;
Demais integrantes da mesa;
Senhores acadêmicos, prezados companheiros da AMAN, cadetes;
Minhas senhoras e meus senhores.
“O Brasil de hoje e seus filhos precisam beber, na fonte do passado, os feitos que vivificam, ativam e enobrecem uma nacionalidade ciosa de sua força, do seu valor e do seu talento. Com a evocação das glórias anteriores, serão aperfeiçoadas as virtudes de nossos valorosos soldados e cidadãos, os quais cooperam para a paz, luz reanimadora, prece ardente de corações humanos e para um eficaz sucesso nos lances futuros”.
Hervé de Castro Romariz – Revista da Escola Militar, 1942, pág 33
Na minha indicação para a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, creio que o Coronel Bento tenha considerado mais do que meus méritos pessoais, que são poucos. Credito essa honra aos laços de amizade que ele possui com a Família Agostini, desde os saudosos tempos do 1º Batalhão Ferroviário, em Bento Gonçalves, RS, a cerca de 50 anos passados.
Apesar de ser um entusiasta de História Militar do Brasil, não me considero à altura de tão nobre deferência. Sou apenas um soldado de cavalaria leitor contumaz, sem a pretensão de me comparar a historiadores.
2. O PATRONO
O Patrono da cadeira, Gen Moacyr Lopes de Resende, tem a sua vida militar intimamente ligada à Academia Militar das Agulhas Negras, desde a sua instalação em Resende.
Nascido no Espírito Santo, em 1911, sentou praça em 1927, ano em que ingressou na Escola Militar, no Realengo, onde foi declarado aspirante-a-oficial de Infantaria, no início de 1932, tendo a ventura de ser comandado pelo então Coronel José Pessôa.
Sua primeira unidade foi o 3º Batalhão de Caçadores, atual 38º Batalhão de Infantaria, Vila Velha, ES. Naquela tradicional unidade, serviu cinco anos, participando dos combates ao lado das tropas legalistas na Zona de Operações de Guerra, no Vale do Paraíba, durante a Revolução Constitucionalista de São Paulo de 10 JUL a 23 OUT 1932.
Em 1937, vamos encontrá-lo no 10º Regimento de Infantaria, atual 10º Batalhão de Infantaria, em Juiz de Fora, MG, onde foi promovido a capitão, em 1938.
Em 1941, comandou a 1ª Companhia Independente de Fronteira, posteriormente, transformada em 1º Batalhão de Fronteira, atual 34º Batalhão de Infantaria Motorizado, em Foz do Iguaçu, onde permaneceu até ser nomeado instrutor da Escola Militar de Rezende.
Apresentou-se em 14 de março de 1944, sendo um dos instrutores pioneiros da nova Escola Militar. Como comandante da 1ª Companhia do 1º ano, empenhou-se na implantação e organização do curso de formação de oficiais combatentes, que se iniciava em Resende.
Em abril de 1946, por ocasião das comemorações do 135º aniversário de criação da Academia Real Militar, proferiu interessante palestra sobre o “Histórico da Escola Militar”, já revelando forte pendor para o estudo da História Militar.
Em 1947 cursou a Es AO, obtendo o conceito MB e retorna à Escola Militar, agora como Adjunto de Professor de História Militar, em comissão, no período de 1948 a 1954. Pode ser considerado um dos primeiros professores de História Militar da AMAN.
Sua consagração no campo da história militar se deu com a obra “História da Academia Militar das Agulhas Negras (1811-1951)”. Com uma linguagem simples e objetiva percorreu a história da Academia, revelando detalhes sobre a evolução do ensino e as peculiaridades das diversas sedes ocupadas pela escola de formação de oficiais, da Casa do Trem a Resende. A riqueza do conteúdo do trabalho garantiu a publicação na Revista Agulhas Negras de 1951. Em 1948, foi promovido a major.
Por suas qualidades pessoais e profissionais foi nomeado comandante do Batalhão de Comando e Serviços da AMAN, cumulativamente com os encargos de professor de história, para o biênio 1951/52. Como comandante daquele batalhão, o então Maj Resende revelou ser um excepcional administrador e disciplinador. Com rara habilidade soube harmonizar a instrução, a administração e o imprescindível apoio à formação do oficial do Exército – razão de ser da Academia. Em 1953, foi promovido a tenente-coronel.
Realizou o Estágio Técnico de Ensino pela Diretoria de Ensino do Exército, já vislumbrando a nova etapa da carreira que se iniciaria em 23 de junho de 1954, quando foi nomeado em caráter efetivo para o Magistério do Exército, como Professor Adjunto de Catedrático sendo promovido a coronel e transferido para a reserva.
Permanecendo na AMAN, entre 1954 e 1958, foi também Professor Adjunto de Catedrático da Cadeira de Contabilidade Geral.
Em 1955, o Comandante da AMAN determinou a inclusão no Cerimonial da AMAN, que o estandarte do Corpo de Cadetes fosse apresentado aos novos cadetes, na cerimônia de aniversário da Academia, em 23 de abril, cabendo ao Cel Resende realizar pela primeira vez na história da Academia a citada apresentação.
Em 15 OUT 1957, como Subdiretor de Ensino Fundamental organizou e conduziu a primeira comemoração do Dia do Professor na AMAN.
Em 11 AGO 1958, promovido a general-de-brigada, foi nomeado para o cargo de comandante do Colégio Militar de Belo Horizonte, função que exerceu de 01 JAN 1959 a 30 MAR 1960.
Além de integrar a Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro, foi agraciado com as seguintes medalhas: Medalha Militar de Ouro; Medalha do Pacificador; Medalha de Guerra; Medalha Marechal Caetano de Farias; Medalha Marechal Trompowsky.
Por ocasião das comemorações do bicentenário da Academia Militar das Agulhas Negras nada mais justo que relembrar a carreira desse brilhante oficial que prestou serviço durante 14 anos como instrutor do Corpo de Cadetes, professor a título precário e efetivo, Prefeito Militar, Chefe da Divisão Administrativa e Subdiretor de Ensino.
3. O PRIMEIRO OCUPANTE
O primeiro detentor da cadeira foi o Cel Eng Mil Luiz CASTELLIANO de Lucena. Nascido em Patos – PB, em 1922, foi aluno da Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre. Em 1943, foi cursar a Escola Militar, no Realengo.
Fez parte do grupo de Cadetes Precursores da Escola Militar de Rezende, que se apresentou voluntariamente em 6 de março de 1944. Por coincidência, data muito próxima de 14 de março, na qual o então Cap Resende se apresentou para servir na Escola Militar.
Foi declarado Aspirante da Arma de Engenharia, em 1946. Como oficial, serviu no 7º Batalhão de Engenharia, em Recife – PE e foi instrutor na Escola de Instrução Especializada.
Em 1952, ingressou na Escola Técnica do Exército (hoje, IME - Instituto Militar de Engenharia), obtendo a graduação em Engenharia Industrial e de Automóvel, em 1955.
Como Engenheiro Militar, prestou serviço na Escola de Motomecanização (atual Escola de Sargentos de Logística), na Diretoria do Serviço Geográfico, na Diretoria de Motomecanização e no Departamento de Produção e Obras.
Em 1966, no posto de Coronel Engenheiro Militar, pediu passagem para a reserva.
Após deixar o serviço ativo, pós-graduou-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas - RJ e na Universidade de Nova Iorque.
Foi professor-conferencista do IME em Matemática Financeira, Coordenador de cursos para o Sistema Financeiro da Habitação, professor das Universidades Gama Filho e Cândido Mendes, professor de Análise de Investimentos na Escola os Pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas–RJ.
Como pesquisador e historiador militar, ocupou a cadeira 46 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e foi Acadêmico Emérito.
Em 1996, por ocasião das comemorações do cinquentenário da turma de 1946, coordenou a elaboração de precioso dossiê sobre 15 cadetes do Realengo precursores na AMAN. Em justa homenagem a eles, o Coronel Castelliano leu o texto em formatura geral da Academia.
Enquanto o Gen Resende se notabilizou pelo estudo da história da Academia Militar, o Coronel Castelliano se empenhou no estudo da História da Engenharia até o seu falecimento em novembro de 2007, deixando-nos a obra “Um Breve Histórico do IME - Instituto Militar de Engenharia” (Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, 1792).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado Cel Bento
O senhor me concedeu o privilégio de pertencer a esta Academia. Quero dizer da minha da honra em ser admitido para a cadeira cujo patrono é o Gen Moacyr Lopes de Resende e conviver historiadores de renome que compõe os quadros dessa notável agremiação.
Muito obrigado.

MEDALHAS DO MÉRITO HISTÓRICO MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

Em nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, depois de ouvida a comissão de medalhas da mesma, e na qualidade de Grão-Mestre da Medalha do Mérito Histórico Militar Terrestre da AHIMTB e na oportunidade do 200º aniversário de criação da Academia Real Militar, hoje comemorado pela Academia de História Militar Terrestre na Academia Militar das Agulhas Negras, agracio com a citada medalha as seguintes personalidades, levando em consideração os critérios de estímulo, solidariedade, apoio histórico e de ajuda voluntária de custeio financeiro às atividades da AHIMTB. Trabalhos executados em prol da sua causa e projeção de serviços prestados pelos agraciados à pesquisa, preservação, elaboração, culto e divulgação da história militar terrestre do Brasil.


NO GRAU DE COMENDADOR
Gen Bda EDSON LEAL PUJOL
Pelo estímulo e prestígio que tem proporcionado às atividades da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, como comandante da AMAN, na qualidade de seu 3º Presidente de Honra. A visitou logo ao assumir o comando da AMAN e em seu discurso de posse como 3º Presidente de Honra revelou identidade com o pensamento e objetivo da AHIMTB de cooperar para o desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre do Brasil com subsídios de Arte e Ciência Militar Terrestre brasileira, resultante da análise à luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar, do rico passado militar do Brasil, sem deixar de lado a incorporação do que melhor existe em doutrinas militares estrangeiras adaptáveis as realidades operacionais do Brasil.
Haver recebido em audiência o Presidente da AHIMTB e acolhido sua proposta constante do Guararapes nº 66 comemorativo do 14° ano de existência da AHIMTB de jan/mar de 2010.
E por fim haver concordado em assumir a cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, sob a argumentação de ser a História Militar Terrestre Crítica do Brasil, atividade profissional militar a ser realizada por oficiais da Ativa e da Reserva com capacidade e sobretudo disposição e gosto para a análise do passado militar terrestre brasileiro, a luz dos Fundamentos da Arte e Ciência Militar como procederam as potências e grandes potências militares na formulação de suas doutrinas militares, conforme lhe foi ensinado na AMAN, por sua Cadeira de História Militar.

NO GRAU DE OFICIAL
Cel Com QEMA CLÁUDIO ALFREDO DUARTE DORNELLES,
Por sua notável atuação a serviço da História Militar Terrestre Crítica do Brasil. Inicialmente como estagiário no Uruguai de Curso de Estado-Maior, onde apresentou ao comandante daquela escola e oficiais em espanhol nossa versão da Batalha de Passo do Rosário, à luz dos Fatores da Decisão Militar: Missão, Terreno, Inimigo e Meios, sendo reconhecido e elogiado pelos oficiais uruguaios que assistiram por colocar por terra interpretações políticas dominantes do evento, culpando por seus maus resultados o Imperador D. Pedro I e o Marques de Barbacena, chefe militar que em realidade salvou nosso Exército do desastre, ao evitar que fosse cercado e rendido em Santana do Livramento, ao interpor em manobra estratégica extraordinária, o nosso Exército entre o Exército Argentino e as principais cidades do Rio Grande do Sul.
Como comandante do 1º Batalhão de Comunicações – Batalhão Rondon - em Santo Ãngelo, atuou intensamente junto à comunidade e em especial junto a faculdades no sentido de enfrentar manipulações históricas ideológicas que colocavam Sepé Tiarajú como herói e Gomes Freire, comandante do Exército Demarcador, como inimigos.
Assim, produziu com sua equipe modelar DVD sobre a Guerra Guaranítica, manipulada na área, e organizou modelar o museu no batalhão sobre a atuação do Exército Demarcador de Gomes Freire e inclusive uma réplica do Monumento aos Mortos da Intentona Comunista, com objetivo de fazer frente a manipulações locais realizadas pelo Museu da Coluna Prestes, em realidade, Coluna Miguel Costa - Prestes.
Revelou o Cel Dornelles capacidade e, sobretudo, gosto para a atividade de pesquisa de História Terrestre Crítica. E mais do que isto, disposição para esta atividade tão relevante, que dá continuidade como Delegado da Delegacia Marechal Candido Mariano da Silva Rondon sediada em Santo Ângelo, a capital da região das Missões.



PALAVRAS FINAIS
Cumprimento em nome da AHIMTB os novos acadêmicos hoje empossados:
- O Gen Div Marco Antônio de Farias
- O Gen Bda Edson Leal Pujol
- O Cel Carlos Roberto Peres
- O Cel Ernildo Heitor Agostini Filho, esperando a AHIMTB que deem continuidade ao seguinte objetivo: pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História Militar Terrestre Crítica Brasileira à luz dos fundamentos de Arte e Ciência Militar, continuidade como atividade profissional militar com vistas à nacionalização progressiva da Doutrina Militar Terrestre do Exército como a sonhou, em 1861, o Duque de Caxias, como Ministro da Guerra e Chefe do Gabinete de Ministros.
Reafirmo a minha satisfação como soldado e historiador militar crítico da história operacional e institucional do Exército, de aqui haver lançado a obra “2010 – 200 anos da criação da Academia Real Militar à AMAN”. Obra comemorativa do bicentenário da criação da AMAN nossa querida mãe profissional e como fecho de uma atividade que exerço há 30 anos como historiador da AMAN, conforme registro de seu comandante atual na apresentação da citada obra.
Satisfação igual de hoje aqui lançar e distribuir aos presentes a história da 1ª Bda C Mec apresentada por seu último comandante e atual comandante da AMAN em seu bicentenário.
Alegria em distribuir aos presentes os informativos fundidos num só “O Guararapes”, “O Gaúcho” e o “Memória”, de entidades que fundei e presido, e alusivo a N.S. da Conceição, que foi padroeira do Exército Brasileiro colonial e imperial e devoção de Caxias, Patrono do Exército e da AHIMTB e cuja gravura, que decorava o seu quarto se encontra no museu da AMAN.
A AHIMTB em 15 anos de atividade profícua muito realizou em prol da memória operacional e institucional e estamos empenhados em que ela prossiga e não morra conosco e receba um amparo efetivo do nosso Exército.
Assim em 2011, 200 anos do início da Academia Real Militar, lutaremos para transformá-la e consolidá-la em Federação das Academias de História Militar Terrestre do Brasil, sediada em Resende com apoio da AMAN e junto a ela a Academia de História Militar Terrestre do Brasil de Resende, junto com sua delegacia Cel Antonio Esteves.
E, subordinadas à Federação, as Academias de História Militar Terrestre do Brasil do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Brasília e São Paulo etc.
Estamos convencidos de que a História Militar Terrestre crítica do Brasil é ponto obrigatório de passagem para a coleta de subsídios de arte e ciência militar para a formulação de uma doutrina militar terrestre brasileira nacionalizada do Exército.
País rico deve ser forte militarmente, e no caso do Brasil, possuir poder militar dissuasório para defender suas riquezas das Amazônia Verde e Azul. É o que aprendi na Cadeira de História da AMAN como seu instrutor de 1978/80
E para esta tarefa estratégica é necessário o concurso de oficiais com curso de estado-maior da ativa e da reserva, que além da capacidade profissional, que todos possuem é necessário mais vocação, prazer, devoção, determinação e persistência.
No limiar dos meus 80 anos, sinto a sensação do dever bem cumprido e aqui agradeço o apoio e confiança dos chefes que me apoiaram e respeitaram em 40 anos minhas atividades de historiador do Exército e militar.
Foram raríssimas as exceções de chefes que não entenderam e desrespeitaram minha atividade de historiador militar de vocação e que e a dificultaram. Lamento por eles.
Agradeço ao Gen Leal Pujol o seu apoio e disposição para que eu fosse reconduzido como PTTC para concluir a história do Exército no Rio Grande do Sul e cuidar da nossa AHIMTB. Foram três meses de espera reprovação pela junta de saúde; aprovação por junta em grau de recurso e finalmente o não encaminhamento da proposta pelo Departamento de Ensino e Cultura do Exército e em fim a manifestação do Exército através do citado departamento que meus serviços de 40 anos como historiador militar crítico não eram mais necessários em razão de minha idade 79 anos, embora exista a idéia consoladora “de que um historiador seja como o vinho, quanto mais velho melhor.”
Resta-nos, além da sensação do dever bem cumprido, a satisfação desta estimulante mensagem de nosso instrutor chefe do Curso de Engenharia 1953/55, Cel Ergílio Cláudio, ao conhecer o volume de nossa obra como historiador:
“Meu caro Bento, você é um orgulho para o nosso Exército. Você é um herói”. E emocionado deparei com a definição de herói de William Shakespeare:
“Herói é aquele que faz o que dele é esperado e que enfrenta as consequências de sua ação”.
Consequências que enfrentei e superei as quais confidenciarei em minhas memórias de soldado e historiador do Exército.
Muito obrigado a todos.

HOMENAGEM AO GENERAL IBIAPINA, UM VELHO E QUERIDO AMIGO

14/02/2011

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Cel Cláudio Moreira Bento
Presidente da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil de Resende-RJ



Foi com muito pesar que tive a triste notícia do falecimento, aos 93 anos, do General Hélio Ibiapina de Lima, através do Jornal Inconfidência de 21 dez 2010.
A primeira missão do Aspirante Hélio Ibiapina foi no 1º Batalhão Ferroviário em Santiago de Boqueirão, mas em realidade como 2º tenente residente em Canguçu, minha terra natal, da Residência ali destacada do citado Batalhão, encarregado da construção do trecho da Ferrovia Pelotas-Santa Maria, que terminou por ser abandonado. Ferrovia cujo trecho Rio Grande–Pelotas-Canguçu (situado na Serra dos Tapes) fora um velho sonho estratégico do senador General Osório para, em caso de invasão do Rio Grande do Sul pelo litoral, ali organizar a resistência para uma contra ofensiva. Esta foi uma das razões para dar o seu nome a rua principal de Canguçu.
Quando conheci o 2º Tenente Ibiapina eu tinha 10 anos. Ele montara sua moradia de madeira de pinho, aplainada e sem pintura, em capão de mato, que existia no fundo da chácara, propriedade de minha avó materna, Firmina Mattos Moreira. Ela avó de três oficiais do Exército e prima irmã do General Revolucionário de 23, Zeca Netto e filha do Ten. Cel. Honorário do Exército, Theóphilo de Souza Neto que comandara um Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional de Canguçu, na conquista de Forte Curuzu.
Curiosos eu e outros meninos fomos visitar o novo personagem, Lembro que ele e seu colega nos convidaram a entrar na casa. Recordo como se fora hoje, que junto a entrada dos fundos descansava num banco, um revólver 38 de sua propriedade. Neste local hoje existe o Ginásio Esportivo Municipal batizado como o nome de meu saudoso pai Conrado Ernani Bento.
E logo o 2º Tenente Ibiapina se impôs e se tornou querido e estimado pela comunidade.
Por longos anos seu nome foi lembrado por todos que com ele tiveram contato, mantendo correspondência com alguns.
Sua função fora a de Engenheiro de Campo encarregado da exploração locada e projeto de linha férrea em Canguçu com base em estudos realizados por ingleses na década de 30. E nesta função percorreu o 3º distrito de Canguçu sendo acolhido com sua equipe por fazendeiros que logo com eles estabeleceram amizade .
E lá ficou a história até hoje comentada e aumentada nas rodas de galpão, de um cearense tenente do Exército que estando fazendo a locação de um trecho e foi surpreendido com o ataque de um touro feroz que, não dando tempo para fugir do ataque, puxou o seu 38 e esperou corajosamente o desfecho. Atirou na cabeça do touro o deixando agonizante. E terminaram por matá-lo e dele fazer um churrasco com a permissão e participação de seu dono para comemorarem a proeza e o sangue frio do tenente Ibiabina.
Foi lá que teve a sua lua de mel com sua esposa acreana, D. Zilda Cabral com quem casou em 8 de março de 1843 e como hóspede da venda de Willy Strolichi , casa hoje em ruínas na Vila Isabel, na encruzilhada que dava acesso a Canguçu Velho onde funcionara a sede, de 1783/89, da Real Feitoria do Linho cânhamo do Rincão do Canguçu.
No fundo da chácara da minha avó fora construída uma represa, onde aprendemos a nadar. E nos chamava atenção o Ten Ibiabina nadando, o para nós desconhecido “Craw australiano”, que logo passei a praticar, ao contrário das deselegantes “braçadas” e “nado de cachorrinho”. E ele corrigindo nossas posturas. Daí o considerarmos nosso instrutor naquele estilo.
Por longos anos sua foto, em trajes civis, ficou entronizada na sala de estar do Studio Art. de Egídio Camargo, junto com as fotos de dois filhos de Canguçu, que tombaram na Itália nas fileiras do Regimento Sampaio e no Regimento Bandeirante e que representaram 10% dos gaúchos mortos na FEB. Expressiva percentagem que muito orgulho causa a minha comunidade.
Creio que tenente Ibiapina tenha motivado meu ingresso na Arma de Engenharia. De Canguçu ele foi transferido como instrutor de Engenharia para a AMAN.
E a partir de meu estágio em 1970/71, no IV Exército, 30 anos mais tarde, nos reencontramos diversas vezes e recordávamos aqueles tempos e trocávamos correspondências e ambos escrevíamos no Jornal do Comércio de Recife. Ele em cartas intituladas, Cartas do Tio Juca e eu sobre a Insurreição Pernambucana, como encarregado pelo IV Exército de coordenar o projeto, construção e inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes e escrever meu primeiro livro As batalhas dos Guararapes – Análise e Descrição Militar, á luz de fundamentos de Arte Militar apreendidos na ECEME.
E recordando meu Canguçu, vez por outra escrevia que por ali haviam passado três ilustres filhos do Ceará O primeiro fora o Capitão Antônio de Sampaio no comando de uma Companhia de Infantaria em 1845/49, para ali neste então distrito de Piratini, assegurar r a Paz Farroupilha na região. E local de onde ele levou sua esposa D. Júlia dos Santos Miranda.
Evento que recordamos com pompa e circunstância, em 21 de maio de 2010 nas comemorações do Bicentenário do Brigadeiro Antônio de Sampaio, tendo, inclusive,. por nossa proposta aprovada pela Câmara de Vereadores e decretada da pelo prefeito Cássio Freitas Mota, sido acrescido o seu nome a Avenida Exército Nacional, Esta em reconhecimento a diversas contribuições do Exército à minha comunidade, hospital avenida etc.
O segundo personagem foi o bispo de Pelotas D. Joaquim Ferreira de Melo, natural de Crato e também muito estimado em Canguçu
Gen Ibiapina aos 83 anos na Sala Sena Madureira do Clube Militar que presidia e, em 25 set 2000, proferindo elogio a seu patrono de Cadeira o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco( Foto do Arquivo da AHIMTB)


Como selo, desta longa amizade, tive o prazer de na qualidade de Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, empossá-lo no Clube Militar de que era Presidente e como acadêmico na Cadeira Marechal Humberto Alencar Castello Branco, sucedendo na cadeira seu falecido antecessor cearense e veterano da FEB, na ELO o Cel Elber de Mello Henriques E guardamos com carinho o seu rico e original pronunciamento sobre seu ilustre conterrâneo com quem muito conviveu e contido no volume 37 do Arquivo de posses da AHIMTB.. Ao iniciar seu elogio a seu patrono assim escreveu:
“ Senhoras e senhores e amigos presentes. Acredito que o acadêmico Cel Claudio Moreira Bento, tenha proposto esta honraria, mais pela amizade e pelas dívidas de poucas aulas de craw australiano que lhe ministrei em Canguçu em jan/fev de 1943, do que pelo meu desempenho atuante na esfera da História Militar Terrestre do Brasil.”

Mesa Diretora da cerimônia de Posse do Gen Ibiapina na cadeira Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco; Da esquerda para a Direita Alte Hélio Martins Leôncio. patrono em vida de cadeira na AHIMTB,,Acadêmico Gen Edival Ponciano de Carvalho, Gen Ex Antônio Jorge Correia, presidente de Honra da Mesa, Cel Claudio Moreira Bento Presidente da AHIMTB, Gen Ex Alacir Werner, Gen Ex Everaldo Reis e Acadêmico Gen Jose Carlos Albano do Amarante, então Delegado da AHIMTB no Rio. como comandante do Instituto Militar de Engenharia


E no mais, o Jornal Inconfidência evocou muito bem e com justiça a História a bela e útil vida e obra do ilustre e admirado Soldado General. Hélio Ibiapina de Lima de cuja amizade privamos.